terça-feira, 28 de maio de 2013

Presídio Ouro Preto



Apesar do aumento do número de mulheres presas no Brasil, especialmente nas rotas do tráfico, o sistema penitenciário não se prepara nem para as receber, nem para as ressocializar. Faltam presídios femininos, assim como capacitação específica para servidores/as penitenciários/as que trabalham com mulheres no cárcere. Falta estrutura que considere a maternidade e que garanta os direitos fundamentais das crianças.













Fotos: Panmella Ribeiro




Laboratório Madalenas

Objetivo

Nas últimas décadas, o corpo feminino passou por mudanças radicais no que diz respeito à sua vivência física bem como à sua representação nas mídias e no imaginário coletivo. Madalenas tem por objetivo debater, através da arte, a questão da desigualdade entre sexos mesmo nesta fase de mutação, destacando as formas materiais e simbólicas da violência contra mulheres assim como apontando ao público a relevância do tema da discriminação de gênero. Tema amplo, irredutível a dinâmicas psicológicas individuais, conexo a outras formas de preconceito (como a étnica) e capaz de pôr em contradição cultura (mesmo ancestral) e direitos humanos fundamentais. Enquanto laboratório teatral gratuito e aberto a cidadania, Madalenas visa democratizar a geração de conhecimento, auto-conhecimento e produção de arte especialmente no que diz respeito às mulheres. Enquanto experiência intensiva, finalizada por evento aberto, Madalenas tem por objetivo, também, multiplicar o processo de empoderamento das mulheres e para gestão dos conflitos, atendendo à comunidade e ao público amplo com uma ação transformadora. Neste sentido, o objetivo é sensibilizar para a necessidade de medidas efetivas (individuais e coletivas, imediatas e de longo prazo) que diminuam a violência, direta ou indireta, contra as mulheres. Enquanto laboratório, Madalenas tem por objetivo oferecer recursos profissionais de intervenção teatral em âmbito social (metodologia do Teatro do Oprimido). 



Metodologia
A adesão do Madalena ao método Boal (seja de jogos para atores e não atores como de teatro-terapia e estética do oprimido) visando fazer do teatro um instrumento de encontro, de diálogo e de transformação, é completa. No mais tratando-se de interação, Madalena também atinge a metodologia pessoal de Alessandra Vannucci professora efetiva do Departamento de Artes Cênicas (DEART), da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) desenvolvida ao longo de anos de experimentação no âmbito profissional da dança e do teatro. Mais do que “peças”, buscamos montar um roteiro de ações em conflito significativo, a que chamamos de “partitura”. Teatro essencial, sem aparato, visando potenciar ao máximo os seus recursos humanos, no que diz respeito à memória, vivência, imaginário das pessoas participantes (atores e espectadores) e ao desejo humano de encontrar, comunicar, trocar. Qualquer elemento (objetos, sons, imagens, histórias, dados estatísticos, slogans, gestos, provérbios, músicas, movimentos...) pode ser transformado em material estético. Sua contundência depende do como está sendo associado na partitura e então provocar, tanto nos artistas quanto no público, uma auto-análise de nossa época quanto mais surpreendente e livre de preconceitos. Neste sentido, o procedimento artístico não visa somente o produto (espetáculo), mas principalmente a multiplicação dos meios de produção da arte (formação de atores e formação de espect-atores ou espectadores ativos, mobilizados). Dependendo do material recolhido, trabalha-se uma forma "fechada" (performance ou peça) ou uma forma aberta (teatro-fórum), em que apresenta-se uma história baseada em fatos reais em que personagens oprimidos entram em conflito com seus opressores (cada um defendendo os seus respectivos desejos e interesses); sucessivamente, a platéia é convidada a substituir em cena o oprimido (que luta para transformar a sua realidade) e buscar alternativas para o problema encenado.